entenda se ainda vale investir na ação
A Cogna Educação (COGN3) vive uma das fases mais estáveis desde a crise provocada pela pandemia. Depois de registrar lucros expressivos em 2024, a companhia manteve o ritmo positivo em 2025, com resultados trimestrais que confirmam a consolidação da virada operacional.
Nos primeiros trimestres do ano, a Cogna apresentou lucros líquidos crescentes e avanço nas margens operacionais, sustentados pela expansão da Kroton e pela melhora na eficiência de custos. O Ebitda ajustado vem crescendo trimestre após trimestre, refletindo maior controle financeiro e ganho de escala nas operações de ensino presencial e digital.
De vilã do mercado à recuperação sólida
Antes conhecida como Kroton Educacional, a Cogna já foi símbolo de sucesso na Bolsa, alcançando forte valorização entre 2009 e 2017. Porém, o fim do FIES, a compra da Somos Educação e a crise sanitária de 2020 levaram a empresa a um dos piores momentos da sua história, com prejuízos bilionários e queda drástica nas ações.
Mesmo diante desse cenário, a companhia manteve sua estrutura de gestão e iniciou uma ampla reestruturação operacional. O resultado é visível: lucro recorrente após anos de perdas, recomposição da base de alunos e crescimento no ensino digital, que hoje representa parcela relevante da receita consolidada.
Indicadores e fundamentos em melhora
A Cogna mostra evolução consistente em seus principais indicadores. O P/L se mantém em torno de 4 vezes, abaixo da média do setor, e o preço sobre valor patrimonial (P/VP) segue em aproximadamente 0,4, demonstrando que o papel ainda negocia com forte desconto em relação aos concorrentes.
O dividend yield se estabilizou entre 2% e 3%, reflexo da retomada dos lucros e do retorno gradual das distribuições, interrompidas por quase cinco anos. Embora não seja um ativo voltado à geração de dividendos robustos, a regularidade dos pagamentos sinaliza solidez financeira.
Endividamento e desafios do setor
A dívida líquida da Cogna, que já foi um dos principais problemas da companhia, apresentou queda significativa em 2025. Atualmente, o passivo financeiro gira em torno de R$ 2,8 bilhões, frente a uma dívida bruta de aproximadamente R$ 6,5 bilhões, resultado de uma estratégia de amortização e controle de caixa mais rigorosa.
Apesar da melhora, a alavancagem ainda é considerada elevada para os padrões do setor e exige vigilância, principalmente num ambiente de juros altos. Além disso, o segmento de educação superior continua competitivo e sensível à renda das famílias, o que impõe desafios à manutenção do crescimento e das margens.
Volatilidade e percepção do mercado
As ações da Cogna permanecem entre as mais voláteis da Bolsa. Resultados trimestrais e mudanças no cenário macroeconômico costumam provocar fortes oscilações nos preços. Em 2025, o papel acumula alta superior a 150%, mesmo após correções pontuais, refletindo a percepção de que a empresa voltou ao caminho dos lucros, mas ainda carrega risco elevado.
Essa característica faz da Cogna um ativo de perfil especulativo, com potencial de valorização expressivo, mas também sujeito a quedas abruptas caso o mercado volte a precificar incertezas sobre o futuro do setor.
A virada é sustentável?
A Cogna conseguiu provar que é possível sair de uma crise profunda e retomar a rentabilidade. A gestão manteve consistência, reduziu custos, controlou a dívida e voltou a apresentar lucro. No entanto, a sustentabilidade dessa virada dependerá da continuidade do crescimento operacional e da capacidade de manter margens positivas mesmo com pressão competitiva.
Para investidores de longo prazo, a Cogna segue como uma ação de valor descontado, mas que requer paciência e tolerância à volatilidade. Ainda que o pior momento tenha passado, a empresa continua em fase de consolidação — e o verdadeiro teste será manter o desempenho positivo em 2026.
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Fonte:InfoMoney
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