Sérgio Gargantini sabe exatamente como é se sentir um iniciante perdido no mercado financeiro. Antes de criar uma das plataformas mais elogiadas de leitura de fluxo da atualidade, ele passou pelos mesmos tropeços de quem começa cheio de expectativas e sem noção de risco.
“Meus primeiros seis meses foram terríveis. Foi um fracasso total no mercado”, relata.
Convidado do episódio 243 do programa GainCast, Gargantini compartilhou os bastidores de sua evolução como trader — desde a frustração com as primeiras operações até o desenvolvimento da ASG (Algorithmic System Generation), ferramenta baseada em market data, inteligência artificial e leitura de comportamento de players.
Mais do que uma história de sucesso técnico, ele apresentou um retrato honesto da transformação comportamental que o trading exige.
Euforia, mão pesada e o medo que travou
Segundo ele, o erro mais comum dos iniciantes — e que ele mesmo cometeu — é a pressa em ganhar dinheiro e a ilusão de que o capital inicial é sinônimo de preparo. “Eu ignorava o que os caras experientes falavam”, lembra.
Ele conta que naquela fase operava movido pela euforia, sem entender o real tamanho do risco que estava assumindo.
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“Às vezes eu até mutava a live. O cara falava: ‘opera com a mão pequena’, e eu pensava: ‘ah, esse cara não sabe o que está falando’. Aí já ia lá, metia 20 contratos no dólar.”
A consequência veio rápido. Em poucas semanas, o que começou como empolgação virou frustração.
“Não sabia nem o que que era uma parcial, o cara falava sobre coisas que hoje eu falo: ‘pô, isso é básico pra caramba’. Eu não sabia e já estava querendo operar mão pesada.”
As perdas sucessivas o fizeram questionar a própria capacidade de continuar no mercado. “Chegou a um ponto que eu não conseguia clicar com um contrato mais, dava um frio na barriga”, diz.
Foi aí que a confiança — antes inflada pela vontade de acertar rápido — se transformou em medo. “Aí eu parei de operar em conta real e falei: ‘cara, preciso dar uma segurada e rever aí se realmente eu tenho talento pra esse negócio’”, explica.
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Um ano no simulador e a virada mental
A pausa foi essencial para reorganizar a mente e o método. Depois de evaporar o dinheiro que havia colocado na corretora, Gargantini decidiu começar de novo, do zero, em ambiente simulado.
“Fiquei um ano no simulador.”
Ele passou a observar com mais calma o comportamento do preço, tentando entender os erros que o faziam perder não pelo mercado — mas por si mesmo.
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“O meu segundo ano foi o ano do aprendizado. Ainda fazia preço médio, devolvia o lucro do dia, escrevia no papel que ia mudar, mas no outro dia fazia igual.”
A virada, no entanto, só veio quando ele parou de justificar seus erros e assumiu que o problema não estava no gráfico, e sim em seu comportamento.
“Chegou uma época, que eu acreditava que eu não tinha condições de operar, achava que eu tinha um problema na cabeça, que eu não nasci pra esse negócio”, lembra.
Com o tempo, percebeu que não era falta de talento, mas excesso de impulso.
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“Várias vezes eu estava ganhando dinheiro e devolvia tudo por impulso, por falta de disciplina, por comportamento.”
Foi nesse ponto que surgiu a autocobrança que o transformou em trader.
“Falei: preciso melhorar isso, cara. Criar vergonha na cara e parar de ficar dando desculpa. Você fala que vai mudar, mas no fundo ainda torce pra o preço médio dar certo”, conclui.
Hoje, depois de atravessar perdas, dúvidas e recomeços, Gargantini representa um exemplo de que consistência não nasce da sorte — mas da coragem de transformar seus erros em ferramenta de evolução.
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Fonte:InfoMoney